- David Santos
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Projeto socioprodutivo visa capacitar famílias por meio da produção de mel
Apicultura, autonomia e sustentabilidade
Produzir mel e derivados de maneira sustentável. Esse é o objetivo do projeto de incubação de empreendimentos em apicultura da Fundação Educacional Caio Martins (Fucam) que visa capacitar famílias em situação de vulnerabilidade para a produção de mel e derivados. As ações socioeducativas, que oferecem todo suporte necessário para o desenvolvimento de habilidades, visam o aumento da renda e a sustentabilidade das comunidades atendidas pelos centros educacionais da Fucam.
A apicultura é uma técnica muito antiga de produção de mel a partir da criação de abelhas em apiários. O processo de manejo das colmeias é planejado para que haja mel o suficiente para manter o enxame e para extrair. O mel extraído é retirado dos favos, centrifugado, filtrado e disponibilizado para consumo ou comercialização. A criação do projeto faz parte das ações da Fundação que visam valorizar e explorar as potencialidades das regiões onde mantém suas atividades.
Hoje, os Centros Educacionais de Esmeraldas (região metropolitana de Belo Horizonte), Riachinho e Juvenília (no norte de Minas) já possuem empreendimentos em apicultura em andamento. O objetivo da Fucam é expandir as atividades para outras localidades..
A capacitação é dividida em três núcleos que trabalham o desenvolvimento subjetivo, o ofício e a economia ambiental. No primeiro são trabalhados temas como cultura, autoconhecimento, cooperação, responsabilidade social e cidadania, além de conteúdos básicos em informática e cultura digital. No segundo, denominado núcleo tecnológico, são apresentadas disciplinas relacionadas à apicultura, à biologia das abelhas, manejo, equipamentos, saúde, segurança e beneficiamento de produtos. Por fim, o aluno desenvolverá habilidades em gestão financeira, organização e formalização de empreendimentos, meio ambiente, sustentabilidade e mercado de bens e serviços ambientais. Ao todo, são 390 horas de conteúdo programático.
O coordenador do Centro Educacional de Juvenília, Alaripe Gonçalves, explica que as atividades de capacitação são dinâmicas e promovem construções coletivas. “Durante as atividades desenvolvidas no projeto, os alunos participam de aulas práticas e teóricas. Já temos, no apiário, 15 caixas com enxames e mais algumas que ainda estão nos locais de captura das abelhas”, contou. Alaripe ainda destacou os benefícios do projeto para a comunidade. “Os beneficiários estão muito motivados e empenhados. Alguns alunos já são produtores de mel e comercializam para ajudar no sustento da família, inclusive temos o mel produzido da flora e da resina da Aroeira que é raro e possui muitas propriedades medicinais”, explicou.
A manipulação do mel será realizada em uma estrutura pensada para beneficiar o insumo e deixá-lo apto para o consumo, explica Teresa Gusmão, da Gerência de Ações Socioprodutivas da Fucam. Segundo ela, na lógica de empreendimentos incubados, a Casa do Mel poderá servir de espaço para manipulação do alimento pelos beneficiários e, posteriormente, pela comunidade. “O acompanhamento das atividades desenvolvidas pelas famílias será realizado por técnicos, visando garantir o funcionamento dos empreendimentos e a qualidade dos produtos”, completou. Ainda segundo Teresa, um dos objetivos do projeto é proporcionar autonomia financeira para os alunos, que poderão comercializar os produtos e, até mesmo, montar o próprio apiário.
Público alvo
O projeto foi desenvolvido para atender, preferencialmente, famílias do campo em situação de vulnerabilidade cadastradas no CadÚnico com renda familiar per capita mensal inferior a R$210,00 e residentes dos municípios atendidos pela Fucam. Em cada ciclo do projeto, são ofertadas 20 vagas por centro educacional.
Produção
Minas Gerais é o quinto maior produtor de mel do Brasil, atingindo uma produção de 7,5 mil toneladas no ano de 2022. A informação é da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) que aponta os Vales do Jequitinhonha e Mucuri como maiores produtores, totalizando 22,7% da produção, seguido pelas regiões Central (15,2%), Sul (14,5%), Rio Doce (12,8%), Zona da Mata (11,3%), Norte (9,3%), Centro Oeste (6,4%), Triângulo (4,2%), Alto Paranaíba (2,3%) e Noroeste (1,2%).
Curiosidade
Acredita-se que a apicultura tenha surgido há mais de 4 mil anos (cerca de 2400 a.c) no antigo Egito, onde as abelhas eram aninhadas em potes de barro para produzirem mel. A prática também ganhou notoriedade junto aos gregos antigos, que aninhavam os enxames em recipientes de palha trançada. Por muito tempo as Abelhas foram consideradas sagradas e se tornaram símbolo de riqueza e poder.
No Brasil, a apicultura foi introduzida pelo padre Antônio Carneiro, em 1839, que trouxe, de Portugal, algumas colônias de abelhas da espécie Apis Mellifera para criação de apiários no Rio de Janeiro. Desde então, as técnicas para criação de abelhas e manejo de colmeias têm se difundido por todo o território nacional.